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A seca está a afectar a produção de energia na barragem Hidroelétrica de Cahora Bassa, no centro de Moçambique. A situação está, de acordo com o PCA da empresa, Tomás Matola, a deixar a infraestrutura com níveis de armazenamento de água muito baixos.
A seca está a afectar a produção de energia na barragem Hidroelétrica de Cahora Bassa, no centro de Moçambique. A situação está, de acordo com o PCA da empresa, Tomás Matola, a deixar a infraestrutura com níveis de armazenamento de água muito baixos.
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Neste ano, o lema da mobilização é “O mercado custa caro! Jornada por casa, comida e trabalho!”

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A média dos rendimentos dos trabalhadores da construção civil, medida em salários mínimos, recuou 22% em uma década. Segundo dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), divulgada nesta quinta-feira (22), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média salarial caiu de 2,7 salários mínimos em 2014 para 2,1 salários mínimos em 2023. Notícias relacionadas: Confiança da indústria sobe em maio após dois meses de queda. Indústria cresce 1,2% em março, após 5 meses de queda ou estabilidade. “Essa perda é muito impulsionada pela perda do salário médio do segmento de obras de infraestrutura, que tinha, lá em 2014, 3,7 salários mínimos pagos por pessoa por mês. Esse foi o maior valor da série histórica [iniciada em 2007]. E a gente vê uma perda desse salário pago, ao longo dos anos”, explica o pesquisador do IBGE Marcelo Miranda. O segmento de obras de infraestrutura – que inclui construções de rodovias, ferrovias e estruturas de água, esgoto e eletricidade –, continua tendo os maiores salários. De 2014 para 2023, no entanto, a perda salarial do segmento chegou a 1,1 salário mínimo (-29%), já que, em 2023, a média salarial ficou em 2,6 salários. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Os segmentos de construção de edifícios e de serviços especializados – como acabamento, demolições, instalações elétricas e preparação de terreno – também tiveram quedas, porém mais moderadas. Os salários do segmento de construção de edifícios caíram 17%, ao passarem de 2,3 para 1,9 salário mínimo. Já no segmento de serviços especializados a queda foi de 9%, já que passou de 2,2 para 2,0 salários mínimos. Empregos A pesquisa mostrou que o número de postos de trabalho na construção em 2023 (2,5 milhões) também caiu em relação a 2014 (-15%). No entanto, houve uma recuperação em relação à 2020, ano de início da pandemia de covid-19, com aumento de 25%. Em relação a 2014, apenas o segmento de serviços especializados teve crescimento (4%), enquanto os demais tiveram queda: construção de edifícios (-29%) e obras de infraestrutura (-20%). <img src="/sites/default/files/thumbnails/image/loading_v2.gif" data-echo="https://imagens.ebc.com.br/fBqUl08dPx4uFRTQIrER6ybWYqY=/754x0/smart/https://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/thumbnails/image/construcao_civil_2306219900.jpg?itok=G29LNJTv" alt="Trabalhadores da construção civil Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo" title="Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo"> <img src="https://imagens.ebc.com.br/fBqUl08dPx4uFRTQIrER6ybWYqY=/754x0/smart/https://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/thumbnails/image/construcao_civil_2306219900.jpg?itok=G29LNJTv" alt="Trabalhadores da construção civil Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo" title="Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo"> Média salarial do trabalhador da construção caiu de 2,7 salários mínimos em 2014 para 2,1 salários mínimos em 2023 - Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo Produtos As 165,8 mil empresas da construção movimentaram um valor total de R$ 484,2 bilhões em 2023. As construções residenciais representaram 22% do total, em 2023. Os serviços especializados e a construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras de arte especiais responderam por aproximadamente 20% do total, cada um. As regiões Sudeste e Nordeste continuaram liderando entre as regiões com maior valor da construção, representando 49,8% e 18,1% do total nacional, respectivamente. Contudo, ambas tiveram perdas na participação no total nacional em relação a 2014, quando as regiões respondiam por 52,4% e 18,6%, respectivamente. A região Norte também caiu, ao passar de 6,9% para 6,5%. Já a Região Sul foi a que mais ampliou sua participação no mercado da construção nacional, ao subir de 12,8% para 16,2% no período. O Centro-Oeste subiu de 9,3% para 9,4%.
A média dos rendimentos dos trabalhadores da construção civil, medida em salários mínimos, recuou 22% em uma década. Segundo dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), divulgada nesta quinta-feira (22), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média salarial caiu de 2,7 salários mínimos em 2014 para 2,1 salários mínimos em 2023. Notícias relacionadas: Confiança da indústria sobe em maio após dois meses de queda. Indústria cresce 1,2% em março, após 5 meses de queda ou estabilidade. “Essa perda é muito impulsionada pela perda do salário médio do segmento de obras de infraestrutura, que tinha, lá em 2014, 3,7 salários mínimos pagos por pessoa por mês. Esse foi o maior valor da série histórica [iniciada em 2007]. E a gente vê uma perda desse salário pago, ao longo dos anos”, explica o pesquisador do IBGE Marcelo Miranda. O segmento de obras de infraestrutura – que inclui construções de rodovias, ferrovias e estruturas de água, esgoto e eletricidade –, continua tendo os maiores salários. De 2014 para 2023, no entanto, a perda salarial do segmento chegou a 1,1 salário mínimo (-29%), já que, em 2023, a média salarial ficou em 2,6 salários. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Os segmentos de construção de edifícios e de serviços especializados – como acabamento, demolições, instalações elétricas e preparação de terreno – também tiveram quedas, porém mais moderadas. Os salários do segmento de construção de edifícios caíram 17%, ao passarem de 2,3 para 1,9 salário mínimo. Já no segmento de serviços especializados a queda foi de 9%, já que passou de 2,2 para 2,0 salários mínimos. Empregos A pesquisa mostrou que o número de postos de trabalho na construção em 2023 (2,5 milhões) também caiu em relação a 2014 (-15%). No entanto, houve uma recuperação em relação à 2020, ano de início da pandemia de covid-19, com aumento de 25%. Em relação a 2014, apenas o segmento de serviços especializados teve crescimento (4%), enquanto os demais tiveram queda: construção de edifícios (-29%) e obras de infraestrutura (-20%). <img src="/sites/default/files/thumbnails/image/loading_v2.gif" data-echo="https://imagens.ebc.com.br/fBqUl08dPx4uFRTQIrER6ybWYqY=/754x0/smart/https://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/thumbnails/image/construcao_civil_2306219900.jpg?itok=G29LNJTv" alt="Trabalhadores da construção civil Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo" title="Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo"> <img src="https://imagens.ebc.com.br/fBqUl08dPx4uFRTQIrER6ybWYqY=/754x0/smart/https://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/thumbnails/image/construcao_civil_2306219900.jpg?itok=G29LNJTv" alt="Trabalhadores da construção civil Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo" title="Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo"> Média salarial do trabalhador da construção caiu de 2,7 salários mínimos em 2014 para 2,1 salários mínimos em 2023 - Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo Produtos As 165,8 mil empresas da construção movimentaram um valor total de R$ 484,2 bilhões em 2023. As construções residenciais representaram 22% do total, em 2023. Os serviços especializados e a construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras de arte especiais responderam por aproximadamente 20% do total, cada um. As regiões Sudeste e Nordeste continuaram liderando entre as regiões com maior valor da construção, representando 49,8% e 18,1% do total nacional, respectivamente. Contudo, ambas tiveram perdas na participação no total nacional em relação a 2014, quando as regiões respondiam por 52,4% e 18,6%, respectivamente. A região Norte também caiu, ao passar de 6,9% para 6,5%. Já a Região Sul foi a que mais ampliou sua participação no mercado da construção nacional, ao subir de 12,8% para 16,2% no período. O Centro-Oeste subiu de 9,3% para 9,4%.
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Donald Trump recebeu ontem no Salão Oval da Casa Branca o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, cujo executivo ele tornou a acusar de estar a perseguir a minoria branca do país. Perante os jornalistas, o Presidente americano interrompeu as conversações mandando difundir imagens que, na sua óptica, comprovavam que "famílias inteiras" de agricultores brancos estavam a fugir das suas terras devido a expropriações forçadas, o que Ramaphosa desmentiu.
Donald Trump recebeu ontem no Salão Oval da Casa Branca o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, cujo executivo ele tornou a acusar de estar a perseguir a minoria branca do país. Perante os jornalistas, o Presidente americano interrompeu as conversações mandando difundir imagens que, na sua óptica, comprovavam que "famílias inteiras" de agricultores brancos estavam a fugir das suas terras devido a expropriações forçadas, o que Ramaphosa desmentiu.
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Prefeito pode vetar ou sancionar proposta do bolsonarista Rogerio Amorim (PL)

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Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Alexandre Padilha explica a importância do acordo aprovado na OMS

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Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia e da União Africana estiveram reunidos ontem em Bruxelas, para analisar questões de segurança, multilateralismo e migrações. Angola, que preside actualmente a presidência rotativa da União Africana, fez-se representar pelo chefe da diplomacia, Téte António, que defendeu soluções concertadas para o desenvolvimento dos dois continentes.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia e da União Africana estiveram reunidos ontem em Bruxelas, para analisar questões de segurança, multilateralismo e migrações. Angola, que preside actualmente a presidência rotativa da União Africana, fez-se representar pelo chefe da diplomacia, Téte António, que defendeu soluções concertadas para o desenvolvimento dos dois continentes.
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Imagem viral expõe pressão da Seed e levanta críticas sobre tratamento a profissionais da educação

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Em março de 2020, o mundo se deparou com uma doença que alterou o cotidiano de todos, sobretudo as formas de nos relacionarmos. A promulgação da pandemia da covid-19 naquele mês declarou a necessidade do afastamento social e estimulou maneiras de contato pessoal por meio das tecnologias digitais baseadas na internet. Até o seu oficial encerramento quatro anos depois, a doença matou mais de 700 mil pessoas apenas no Brasil, alterando nossas vidas de uma forma sem precedentes. Embora tenha sido possível identificar algumas possibilidades neste cenário, o que mais se verificou, ao menos no campo comunicacional, foi uma outra doença: a infodemia de desinformação, especialmente com foco na nova doença. Neste cenário, agências de checagem estudadas por nós, como a Fato ou Fake e a Lupa, desempenharam papel relevante, mas ainda insuficiente para lidar com a magnitude do problema, que promete permanecer na sociedade pelas próximas décadas. Até porque o problema não é apenas a quantidade de fake news que se propaga, mas a crença nela e a descrença no jornalismo e em outras instituições como ciência e política/Estado. Isso torna a internet um terreno fértil para a circulação de informações falsas, muitas delas com potencial de afetar diretamente a saúde pública e as decisões individuais até mesmo diante de uma crise sanitária mundial. Isso foi confirmado pelos resultados desta pesquisa, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq Universal, de 2021, e com apoio para publicação em formato de livro da Fapero – Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia. Esse trabalho encontra-se sintetizado no livro “Não era só uma gripezinha, mas desinformação”. A desinformação, ou desordem informacional, é compreendida no livro como um complexo movimento que confunde e engana de, pelo menos, três formas. A primeira trata das fake news em si, que se referem às informações falsas e mentirosas. O segundo aspecto são os erros e enganos, que acometem até veículos jornalísticos, que depois acabam se corrigindo. Por fim, existem as descontextualizações, que são informações verdadeiras, mas enviesadas e recortadas, nos levando a conclusões erradas. A avaliação de 656 checagens na primeira onda da covid-19 (janeiro a setembro de 2020) permitiu identificar que as fake news checadas pelas duas agências seguiam um padrão preocupante: tinham como tema majoritário a Política e a Morte em torno da pandemia. Foi constatada, ainda, a prioridade conferida à checagem de informações realmente falsas – com 653 conteúdos falsos e três verdadeiros –, em que apenas uma era verdadeira na Fato ou Fake e duas tinham essa etiqueta na Lupa. O resultado demonstra que o interesse não está na confirmação da informação – destinando ao jornalismo a função de informar corretamente –, mas à correção e explicitação das mentiras, sobretudo aquelas que circulam nas redes sociais digitais. A curva do número de checagens obtida pelo estudo confirma que a atividade comunicativa do fact-checking acabou seguindo a tendência do desenvolvimento da doença daquele ano: sendo menor em seu início, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020, crescendo a partir de março com duas postagens por dia e decrescendo com a proximidade do abrandamento da primeira onda, no mês de setembro. Essa similaridade evidencia a importância de que a comunicação esteja sempre atenta e em correlação com as demais áreas do conhecimento científico - neste caso específico, a Saúde. Número de publicações sobre Covid nas duas principais agências de checagem entre janeiro e setembro de 2020: A origem da desinformação analisada pelas agências é outro achado interessante e que demanda atenção: das 656 checagens estudadas, 97% (638) partiram das redes sociais digitais. Porém, não foram apenas as agências que passaram a focar mais nesses espaços, pois até essas empresas de tecnologias digitais perceberam a problemática que existia nas informações falsas circulando livremente em sua rede. Isso fez com que não apenas elas indicassem que um conteúdo é fraudulento, como no Facebook e no Instagram, mas também que limitassem as possibilidades de compartilhamento de qualquer informação, sobretudo naquelas potencialmente mentirosas, por meio da sua notificação, exclusão ou desmonetização. Entretanto, é preocupante notar que, após a eleição de Trump, no início do ano de 2025, várias destas políticas foram revogadas pelos responsáveis dessas big techs, colocando em risco mais vidas diante do cenário da infodemia de desinformação aqui exposto. Esta conjuntura mundial, não apenas brasileira, conduz novamente ao resultado de que, na análise das duas agências nacionais, houve uma coincidência expressiva entre os assuntos mais checados: Política e Morte, sendo as duas principais, seguidas por Remédio e Prevenção. Nesse sentido, observamos que a alta frequência de Política revela a polarização ideológica que se vive no Brasil e no mundo, resvalando até numa crise sanitária global como a pandemia do novo coronavírus. Não é coincidência que uma das figuras recorrentes nas fake news tenha sido João Doria, então governador de São Paulo que apoiou o presidente Jair Bolsonaro na eleição e, naquele momento, havia se tornado um opositor. Assuntos mais abordados entre setembro e janeiro de 2020 pela agência Lupa: A Fato ou Fake e Lupa se mostraram atentas às questões sociais e políticas do nosso país, sobretudo ao selecionarem e perceberem que esses assuntos eram transversais e presentes na circulação da desinformação sobre a pandemia. A politização fica evidente em diversos momentos, não apenas pela relevância daquela temática, mas também quando se enfatizam questões como uso da cloroquina (Remédio), não necessidade de máscara (Prevenção), ataque a pessoas do Grupo Globo (Personalidade), fechamento de estabelecimentos (Distanciamento), entre outros aspectos, como as próprias temáticas China e Vacina, que foram e são constantemente criticadas por pessoas que apoiam o então presidente Jair Bolsonaro. Assuntos mais abordados entre janeiro e setembro de 2020 pela agência Fato ou Fake: É permitido concluir, a partir dos resultados apresentados, que os padrões das fake news sobre a covid-19 revelam uma forte politização, com uma presença predominante nas redes sociais em formato de texto, mas também de imagem, sobretudo para tratar de questões como Morte, Remédio e Prevenção, além das questões políticas relacionadas a figuras públicas do governo ou personalidades da mídia. A prevalência desses outros três assuntos se referem especificamente ao cerne da doença, como a sua consequência maior, a morte, bem como a possibilidade de se livrar dela, seja preventivamente ou após contraí-la. Desta forma, o fato de ser uma doença nova, com muitas questões desconhecidas sobre ela, também serviu como fator preponderante para a disseminação de desordem informacional em torno dela. As principais estratégias de checagem aparecem de forma padronizada com foco no desmentir a desinformação, desde as etiquetas e a repetição da mentira até a estrutura narrativa e as formas de apuração, com uso predominante de links. Já o tipo das fontes parece estar relacionado à origem da agência e aos seus profissionais, mais ou menos relacionados à prática jornalística que empregam, e os recursos multimídia demonstram uma ausência de diversidade, algo que pode e precisa ser aprimorado. É importante enfatizar que as agências são apenas um dos antídotos contra essa desordem de informação que se insere, principalmente, nos espaços onde a população dedica mais tempo na internet, as redes sociais. Elas precisam que as leis, as empresas de tecnologia e o letramento midiático ajudem e atuem em conjunto nessa luta para existir mais eficiência, garantindo que a verdade prevaleça em meio a tanta (des)informação falsa, ou a menos que a mentira não encontre um terreno fértil para ser plantada e disseminada livremente. Os autores não prestam consultoria, trabalham, possuem ações ou recebem financiamento de qualquer empresa ou organização que se beneficiaria deste artigo e não revelaram qualquer vínculo relevante além de seus cargos acadêmicos.
Em março de 2020, o mundo se deparou com uma doença que alterou o cotidiano de todos, sobretudo as formas de nos relacionarmos. A promulgação da pandemia da covid-19 naquele mês declarou a necessidade do afastamento social e estimulou maneiras de contato pessoal por meio das tecnologias digitais baseadas na internet. Até o seu oficial encerramento quatro anos depois, a doença matou mais de 700 mil pessoas apenas no Brasil, alterando nossas vidas de uma forma sem precedentes. Embora tenha sido possível identificar algumas possibilidades neste cenário, o que mais se verificou, ao menos no campo comunicacional, foi uma outra doença: a infodemia de desinformação, especialmente com foco na nova doença. Neste cenário, agências de checagem estudadas por nós, como a Fato ou Fake e a Lupa, desempenharam papel relevante, mas ainda insuficiente para lidar com a magnitude do problema, que promete permanecer na sociedade pelas próximas décadas. Até porque o problema não é apenas a quantidade de fake news que se propaga, mas a crença nela e a descrença no jornalismo e em outras instituições como ciência e política/Estado. Isso torna a internet um terreno fértil para a circulação de informações falsas, muitas delas com potencial de afetar diretamente a saúde pública e as decisões individuais até mesmo diante de uma crise sanitária mundial. Isso foi confirmado pelos resultados desta pesquisa, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq Universal, de 2021, e com apoio para publicação em formato de livro da Fapero – Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia. Esse trabalho encontra-se sintetizado no livro “Não era só uma gripezinha, mas desinformação”. A desinformação, ou desordem informacional, é compreendida no livro como um complexo movimento que confunde e engana de, pelo menos, três formas. A primeira trata das fake news em si, que se referem às informações falsas e mentirosas. O segundo aspecto são os erros e enganos, que acometem até veículos jornalísticos, que depois acabam se corrigindo. Por fim, existem as descontextualizações, que são informações verdadeiras, mas enviesadas e recortadas, nos levando a conclusões erradas. A avaliação de 656 checagens na primeira onda da covid-19 (janeiro a setembro de 2020) permitiu identificar que as fake news checadas pelas duas agências seguiam um padrão preocupante: tinham como tema majoritário a Política e a Morte em torno da pandemia. Foi constatada, ainda, a prioridade conferida à checagem de informações realmente falsas – com 653 conteúdos falsos e três verdadeiros –, em que apenas uma era verdadeira na Fato ou Fake e duas tinham essa etiqueta na Lupa. O resultado demonstra que o interesse não está na confirmação da informação – destinando ao jornalismo a função de informar corretamente –, mas à correção e explicitação das mentiras, sobretudo aquelas que circulam nas redes sociais digitais. A curva do número de checagens obtida pelo estudo confirma que a atividade comunicativa do fact-checking acabou seguindo a tendência do desenvolvimento da doença daquele ano: sendo menor em seu início, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020, crescendo a partir de março com duas postagens por dia e decrescendo com a proximidade do abrandamento da primeira onda, no mês de setembro. Essa similaridade evidencia a importância de que a comunicação esteja sempre atenta e em correlação com as demais áreas do conhecimento científico - neste caso específico, a Saúde. Número de publicações sobre Covid nas duas principais agências de checagem entre janeiro e setembro de 2020: A origem da desinformação analisada pelas agências é outro achado interessante e que demanda atenção: das 656 checagens estudadas, 97% (638) partiram das redes sociais digitais. Porém, não foram apenas as agências que passaram a focar mais nesses espaços, pois até essas empresas de tecnologias digitais perceberam a problemática que existia nas informações falsas circulando livremente em sua rede. Isso fez com que não apenas elas indicassem que um conteúdo é fraudulento, como no Facebook e no Instagram, mas também que limitassem as possibilidades de compartilhamento de qualquer informação, sobretudo naquelas potencialmente mentirosas, por meio da sua notificação, exclusão ou desmonetização. Entretanto, é preocupante notar que, após a eleição de Trump, no início do ano de 2025, várias destas políticas foram revogadas pelos responsáveis dessas big techs, colocando em risco mais vidas diante do cenário da infodemia de desinformação aqui exposto. Esta conjuntura mundial, não apenas brasileira, conduz novamente ao resultado de que, na análise das duas agências nacionais, houve uma coincidência expressiva entre os assuntos mais checados: Política e Morte, sendo as duas principais, seguidas por Remédio e Prevenção. Nesse sentido, observamos que a alta frequência de Política revela a polarização ideológica que se vive no Brasil e no mundo, resvalando até numa crise sanitária global como a pandemia do novo coronavírus. Não é coincidência que uma das figuras recorrentes nas fake news tenha sido João Doria, então governador de São Paulo que apoiou o presidente Jair Bolsonaro na eleição e, naquele momento, havia se tornado um opositor. Assuntos mais abordados entre setembro e janeiro de 2020 pela agência Lupa: A Fato ou Fake e Lupa se mostraram atentas às questões sociais e políticas do nosso país, sobretudo ao selecionarem e perceberem que esses assuntos eram transversais e presentes na circulação da desinformação sobre a pandemia. A politização fica evidente em diversos momentos, não apenas pela relevância daquela temática, mas também quando se enfatizam questões como uso da cloroquina (Remédio), não necessidade de máscara (Prevenção), ataque a pessoas do Grupo Globo (Personalidade), fechamento de estabelecimentos (Distanciamento), entre outros aspectos, como as próprias temáticas China e Vacina, que foram e são constantemente criticadas por pessoas que apoiam o então presidente Jair Bolsonaro. Assuntos mais abordados entre janeiro e setembro de 2020 pela agência Fato ou Fake: É permitido concluir, a partir dos resultados apresentados, que os padrões das fake news sobre a covid-19 revelam uma forte politização, com uma presença predominante nas redes sociais em formato de texto, mas também de imagem, sobretudo para tratar de questões como Morte, Remédio e Prevenção, além das questões políticas relacionadas a figuras públicas do governo ou personalidades da mídia. A prevalência desses outros três assuntos se referem especificamente ao cerne da doença, como a sua consequência maior, a morte, bem como a possibilidade de se livrar dela, seja preventivamente ou após contraí-la. Desta forma, o fato de ser uma doença nova, com muitas questões desconhecidas sobre ela, também serviu como fator preponderante para a disseminação de desordem informacional em torno dela. As principais estratégias de checagem aparecem de forma padronizada com foco no desmentir a desinformação, desde as etiquetas e a repetição da mentira até a estrutura narrativa e as formas de apuração, com uso predominante de links. Já o tipo das fontes parece estar relacionado à origem da agência e aos seus profissionais, mais ou menos relacionados à prática jornalística que empregam, e os recursos multimídia demonstram uma ausência de diversidade, algo que pode e precisa ser aprimorado. É importante enfatizar que as agências são apenas um dos antídotos contra essa desordem de informação que se insere, principalmente, nos espaços onde a população dedica mais tempo na internet, as redes sociais. Elas precisam que as leis, as empresas de tecnologia e o letramento midiático ajudem e atuem em conjunto nessa luta para existir mais eficiência, garantindo que a verdade prevaleça em meio a tanta (des)informação falsa, ou a menos que a mentira não encontre um terreno fértil para ser plantada e disseminada livremente. Os autores não prestam consultoria, trabalham, possuem ações ou recebem financiamento de qualquer empresa ou organização que se beneficiaria deste artigo e não revelaram qualquer vínculo relevante além de seus cargos acadêmicos.
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A parceria com a Suécia para a produção do caça Gripen (foto) é um exemplo raro de projeto bem sucedido de transferência de tecnologia de defesa para o Brasil. Foto: Divulgação, CC BY O anúncio da compra conjunta de cerca de mil blindados CV90 por Suécia, Noruega e Lituânia sinaliza uma nova etapa na cooperação europeia em defesa. Mais do que um acordo logístico, trata-se de uma tentativa de racionalizar custos, acelerar entregas e fortalecer cadeias produtivas regionais. Para o Brasil, que possui uma base industrial de defesa relevante, o caso europeu funciona como um espelho incômodo — e também como uma oportunidade de repensar sua estratégia de aquisições militares. Apesar de não participar desse tipo de arranjo multinacional, o Brasil tem programas de defesa ambiciosos e bem-sucedidos. A parceria com a Suécia para a produção do caça Gripen é um exemplo. Trata-se de um projeto de transferência de tecnologia que colocou empresas brasileiras — como Embraer, AEL Sistemas e Akaer — na linha de frente da produção aeronáutica de defesa. Outro destaque é o blindado Guarani, desenvolvido em parceria com a Iveco e fabricado em Sete Lagoas (MG), que já está sendo exportado para países como Ghana, Argentina e Filipinas (o governo brasileiro rechaza vende-los à Ucrania). Além disso, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), conduzido em cooperação com a França, resultou na construção de unidades da classe Scorpène (este modelo serviu de base para a construção do submarino brasileiro Humaitá) e lançou as bases para o futuro submarino de propulsão nuclear brasileiro. Programa marcado por descontinuidade e dependência Apesar desses avanços, o modelo brasileiro de aquisição de defesa ainda é marcado por descontinuidade, dependência orçamentária e ausência de coordenação regional. Faltam planejamento de longo prazo e estratégias integradas com outros países sul-americanos que, assim como o Brasil, enfrentam restrições fiscais e desafios geopolíticos em comum. A consequência é que os ganhos de escala são limitados, os custos por unidade tendem a ser elevados e a sustentabilidade da base industrial nacional permanece vulnerável a ciclos políticos e cortes de verba. O exemplo europeu, ainda que cercado de dificuldades históricas, mostra que é possível avançar em acordos multinacionais quando há urgência política e clareza estratégica. A aquisição conjunta dos CV90 não é um experimento isolado: ela se insere em um movimento mais amplo de interoperabilidade e integração das forças armadas europeias, motivado pelo conflito em Ucrânia e pela necessidade de reforçar a autonomia estratégica do continente. Mesmo países com tradições de neutralidade, como Suécia e Finlândia, estão revendo seus paradigmas e adotando uma postura mais assertiva. Para o Brasil, os riscos e as ameaças são diferentes, mas não menos reais. O país mantém fronteiras extensas, atua em missões de paz, precisa proteger a Amazônia — inclusive contra pressões e interesses externos — e sofre com a fragilidade logística em regiões estratégicas. Em vez de apostar em soluções fragmentadas, poderia liderar iniciativas regionais de cooperação em defesa, tanto na aquisição de equipamentos quanto no desenvolvimento conjunto de tecnologias. A América do Sul, como bloco, carece de articulações robustas nesse setor, e o Brasil tem massa crítica suficiente para impulsionar esse tipo de agenda. Encomendas esporádicas do governo não permitem maiores investimentos Adotar práticas mais estáveis e previsíveis de aquisição pública permitiria reduzir gargalos históricos da indústria de defesa brasileira. Atualmente, muitas empresas do setor operam no limite da capacidade, dependendo de encomendas esporádicas do governo. A ausência de um plano plurianual de compras compromete o investimento em inovação, dificulta a manutenção de empregos qualificados e enfraquece a posição do Brasil no mercado internacional de defesa. A criação da Estratégia Nacional de Defesa, em 2008, foi um passo importante, ao identificar áreas prioritárias e estimular a produção nacional. No entanto, a implementação tem sido irregular, com avanços pontuais e retrocessos orçamentários recorrentes. A Política Nacional da Indústria de Defesa (PNID) e a Lei nº 12.598/2012, que criou o regime especial para empresas estratégicas de defesa (EED), são ferramentas úteis, mas ainda subutilizadas. A lição europeia vai além da logística: trata-se de visão de futuro. Ao optar por compras coordenadas e por padronização de equipamentos, os países nórdicos e bálticos buscam economia, integração, interoperabilidade e influência política. Para o Brasil, a integração regional e a previsibilidade nos investimentos em defesa são elementos-chave para garantir autonomia tecnológica, sustentabilidade industrial e presença geopolítica ativa. Em tempos de competição global acirrada, com tensões renovadas entre potências e mudanças rápidas no cenário tecnológico, o Brasil precisa decidir se continuará comprando equipamentos militares como quem faz uma reforma de emergência ou se adotará uma postura estratégica, planejada e cooperativa. O exemplo do CV90 mostra que, mesmo na Europa, cooperação militar nunca é simples — mas pode ser viável e eficaz quando há clareza de propósito. O Brasil, com sua tradição diplomática e potencial industrial, não deveria estar à margem desse debate. Armando Alvares Garcia Júnior não presta consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.
A parceria com a Suécia para a produção do caça Gripen (foto) é um exemplo raro de projeto bem sucedido de transferência de tecnologia de defesa para o Brasil. Foto: Divulgação, CC BY O anúncio da compra conjunta de cerca de mil blindados CV90 por Suécia, Noruega e Lituânia sinaliza uma nova etapa na cooperação europeia em defesa. Mais do que um acordo logístico, trata-se de uma tentativa de racionalizar custos, acelerar entregas e fortalecer cadeias produtivas regionais. Para o Brasil, que possui uma base industrial de defesa relevante, o caso europeu funciona como um espelho incômodo — e também como uma oportunidade de repensar sua estratégia de aquisições militares. Apesar de não participar desse tipo de arranjo multinacional, o Brasil tem programas de defesa ambiciosos e bem-sucedidos. A parceria com a Suécia para a produção do caça Gripen é um exemplo. Trata-se de um projeto de transferência de tecnologia que colocou empresas brasileiras — como Embraer, AEL Sistemas e Akaer — na linha de frente da produção aeronáutica de defesa. Outro destaque é o blindado Guarani, desenvolvido em parceria com a Iveco e fabricado em Sete Lagoas (MG), que já está sendo exportado para países como Ghana, Argentina e Filipinas (o governo brasileiro rechaza vende-los à Ucrania). Além disso, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), conduzido em cooperação com a França, resultou na construção de unidades da classe Scorpène (este modelo serviu de base para a construção do submarino brasileiro Humaitá) e lançou as bases para o futuro submarino de propulsão nuclear brasileiro. Programa marcado por descontinuidade e dependência Apesar desses avanços, o modelo brasileiro de aquisição de defesa ainda é marcado por descontinuidade, dependência orçamentária e ausência de coordenação regional. Faltam planejamento de longo prazo e estratégias integradas com outros países sul-americanos que, assim como o Brasil, enfrentam restrições fiscais e desafios geopolíticos em comum. A consequência é que os ganhos de escala são limitados, os custos por unidade tendem a ser elevados e a sustentabilidade da base industrial nacional permanece vulnerável a ciclos políticos e cortes de verba. O exemplo europeu, ainda que cercado de dificuldades históricas, mostra que é possível avançar em acordos multinacionais quando há urgência política e clareza estratégica. A aquisição conjunta dos CV90 não é um experimento isolado: ela se insere em um movimento mais amplo de interoperabilidade e integração das forças armadas europeias, motivado pelo conflito em Ucrânia e pela necessidade de reforçar a autonomia estratégica do continente. Mesmo países com tradições de neutralidade, como Suécia e Finlândia, estão revendo seus paradigmas e adotando uma postura mais assertiva. Para o Brasil, os riscos e as ameaças são diferentes, mas não menos reais. O país mantém fronteiras extensas, atua em missões de paz, precisa proteger a Amazônia — inclusive contra pressões e interesses externos — e sofre com a fragilidade logística em regiões estratégicas. Em vez de apostar em soluções fragmentadas, poderia liderar iniciativas regionais de cooperação em defesa, tanto na aquisição de equipamentos quanto no desenvolvimento conjunto de tecnologias. A América do Sul, como bloco, carece de articulações robustas nesse setor, e o Brasil tem massa crítica suficiente para impulsionar esse tipo de agenda. Encomendas esporádicas do governo não permitem maiores investimentos Adotar práticas mais estáveis e previsíveis de aquisição pública permitiria reduzir gargalos históricos da indústria de defesa brasileira. Atualmente, muitas empresas do setor operam no limite da capacidade, dependendo de encomendas esporádicas do governo. A ausência de um plano plurianual de compras compromete o investimento em inovação, dificulta a manutenção de empregos qualificados e enfraquece a posição do Brasil no mercado internacional de defesa. A criação da Estratégia Nacional de Defesa, em 2008, foi um passo importante, ao identificar áreas prioritárias e estimular a produção nacional. No entanto, a implementação tem sido irregular, com avanços pontuais e retrocessos orçamentários recorrentes. A Política Nacional da Indústria de Defesa (PNID) e a Lei nº 12.598/2012, que criou o regime especial para empresas estratégicas de defesa (EED), são ferramentas úteis, mas ainda subutilizadas. A lição europeia vai além da logística: trata-se de visão de futuro. Ao optar por compras coordenadas e por padronização de equipamentos, os países nórdicos e bálticos buscam economia, integração, interoperabilidade e influência política. Para o Brasil, a integração regional e a previsibilidade nos investimentos em defesa são elementos-chave para garantir autonomia tecnológica, sustentabilidade industrial e presença geopolítica ativa. Em tempos de competição global acirrada, com tensões renovadas entre potências e mudanças rápidas no cenário tecnológico, o Brasil precisa decidir se continuará comprando equipamentos militares como quem faz uma reforma de emergência ou se adotará uma postura estratégica, planejada e cooperativa. O exemplo do CV90 mostra que, mesmo na Europa, cooperação militar nunca é simples — mas pode ser viável e eficaz quando há clareza de propósito. O Brasil, com sua tradição diplomática e potencial industrial, não deveria estar à margem desse debate. Armando Alvares Garcia Júnior não presta consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.
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Muitos experimentos oferecem recompensas como comida, abrigo, interações sociais e brincadeiras. Assim, embora a tarefa em si possa parecer ecologicamente irrelevante, a recompensa pode ser altamente relevante para os animais. VixtorPhoto / Shutterstock Você sabia que peixinhos dourados podem aprender a dirigir carros? Você já ouviu falar que abelhas podem aprender a puxar um barbante? Você acreditaria que alguns primatas podem fazer cálculos com algarismos arábicos? Essas tarefas parecem completamente irrelevantes para esses animais no seus ambientes naturais, então por que os cientistas se interessam por elas? Como alguém que estuda a inteligência dos insetos, grande parte de minha própria pesquisa foi rotulada como “ecologicamente irrelevante”. No entanto, como argumentei em artigo publicado no periódico científico Trends in Cognitive Sciences, há muitos motivos para estudar esse tipo de inteligência animal. Encontrando relevância na irrelevância O estudo da inteligência animal geralmente busca formar uma melhor compreensão da ecologia do animal. No entanto, há também muitos estudos que visam ampliar os limites da cognição animal além do que seria esperado em sua vida cotidiana. Esta abelha foi treinada para encontrar água açucarada onde há um número par de formas. A pesquisa ecologicamente irrelevante pode nos ajudar a entender os limites da inteligência animal e a desenvolver tecnologia bioinspirada. Ela também pode nos ajudar a explorar as respostas comportamentais às mudanças ambientais e a avançar nossa compreensão da evolução da inteligência. Compreender como os animais respondem a tarefas ecologicamente irrelevantes lança luz sobre como nossa própria inteligência evoluiu. Frequentemente usamos comparações entre humanos e primatas não humanos para entender se uma capacidade cognitiva evoluiu nos humanos modernos ou se observamos habilidades semelhantes em outros primatas e animais. Por exemplo, crianças de até 24 meses de idade conseguem encontrar um objeto escondido em uma sala quando sua localização é apontada para elas em uma fotografia. Essa habilidade é conhecida como percepção representacional. Alguns chimpanzés também conseguem passar nesse teste. Esses resultados significam que um chimpanzé tem o mesmo nível de inteligência de uma criança de dois anos? Além disso, esse teste pode nos permitir estimar quando o insight representacional evoluiu. Pode ter sido antes de os humanos e os chimpanzés se dividirem em linhagens diferentes. Pesquisadores treinaram peixes dourados para dirigir um tanque com rodas. Imitando a natureza, comparando espécies As soluções de inspiração biológica (bioinspiradas) para os problemas modernos de computação usam tecnologia baseada na biologia. Algumas tecnologias de inspiração biológica podem lidar bem com a incerteza usando cálculos semelhantes aos do cérebro para processar e resolver problemas do mundo real. Muitos animais são considerados modelos para tecnologias bioinspiradas com base em sua visão, comportamento e movimento. Por exemplo, a mecânica de voo das libélulas foi estudada para construir microveículos aéreos. Como a tecnologia de inspiração biológica será, sem dúvida, usada em situações não naturais, é útil saber como os animais responderiam nesses mesmos cenários para criar uma tecnologia mais precisa. Comparar o comportamento e a inteligência de diferentes espécies pode ser um grande desafio para os cientistas. Para permitir comparações precisas, precisamos ter uma tarefa de igual dificuldade para ambas as espécies. Se usarmos uma tarefa que os animais realizam regularmente em seus ambientes naturais, corremos o risco de que uma espécie possa ter uma vantagem por realizar a tarefa com mais frequência. Entretanto, se usarmos uma tarefa que provavelmente nenhum dos animais precisará realizar, poderemos “nivelar o campo de jogo” para uma comparação precisa. Os animais geralmente precisam se adaptar a situações novas e desconhecidas. Alterações ambientais, como urbanização, mudanças climáticas, perda de habitat e introdução de espécies invasoras, fazem com que os animais encontrem novos desafios que, anteriormente, poderiam ser ecologicamente irrelevantes. Uma caixa de quebra-cabeça pode parecer irrelevante para muitos animais. Entretanto, as cacatuas na Austrália aprenderam a abrir lixeiras para procurar comida. As cacatuas se adaptaram para resolver novos quebra-cabeças à medida que os seres humanos tentam tornar as lixeiras mais difíceis de abrir. Essa “corrida armamentista de inovação” entre humanos e cacatuas mostra como uma tarefa inicialmente irrelevante do ponto de vista ecológico pode se tornar relevante para um animal. Testes de inteligência são irrelevantes? Uma questão importante é se conseguimos criar uma tarefa realmente ecologicamente irrelevante para os animais realizarem. Por exemplo, abelhas foram treinadas para reconhecer imagens de rostos humanos. Essa tarefa pode parecer ecologicamente irrelevante para uma abelha. Entretanto, para a abelha, a imagem de um rosto humano pode, na verdade, representar uma flor desconhecida, mas gratificante, especialmente quando a opção correta é combinada com uma recompensa de água com açúcar, que imita o néctar de uma flor. Essa tarefa é relevante ou irrelevante para uma abelha? A resposta é: depende. Muitos experimentos oferecem recompensas alimentares. Portanto, os animais podem interpretar esses experimentos como uma tarefa de forrageamento, fazendo com que até mesmo as tarefas mais complexas e arbitrárias dos testes de inteligência ainda sejam ecologicamente relevantes para o animal. Outras recompensas para os animais que participam de experimentos incluem abrigo, interações sociais e brincadeiras. Embora a tarefa em si possa parecer ecologicamente irrelevante, a recompensa pode ser altamente relevante para os animais que buscam alimento, oportunidades de acasalamento, segurança ou diversão. Isso nos leva a questionar se qualquer tarefa que damos aos animais é completamente desprovida de relevância ecológica. Atualmente, Scarlett Howard recebe financiamento do Australian Research Council e da Hermon Slade Foundation.
Muitos experimentos oferecem recompensas como comida, abrigo, interações sociais e brincadeiras. Assim, embora a tarefa em si possa parecer ecologicamente irrelevante, a recompensa pode ser altamente relevante para os animais. VixtorPhoto / Shutterstock Você sabia que peixinhos dourados podem aprender a dirigir carros? Você já ouviu falar que abelhas podem aprender a puxar um barbante? Você acreditaria que alguns primatas podem fazer cálculos com algarismos arábicos? Essas tarefas parecem completamente irrelevantes para esses animais no seus ambientes naturais, então por que os cientistas se interessam por elas? Como alguém que estuda a inteligência dos insetos, grande parte de minha própria pesquisa foi rotulada como “ecologicamente irrelevante”. No entanto, como argumentei em artigo publicado no periódico científico Trends in Cognitive Sciences, há muitos motivos para estudar esse tipo de inteligência animal. Encontrando relevância na irrelevância O estudo da inteligência animal geralmente busca formar uma melhor compreensão da ecologia do animal. No entanto, há também muitos estudos que visam ampliar os limites da cognição animal além do que seria esperado em sua vida cotidiana. Esta abelha foi treinada para encontrar água açucarada onde há um número par de formas. A pesquisa ecologicamente irrelevante pode nos ajudar a entender os limites da inteligência animal e a desenvolver tecnologia bioinspirada. Ela também pode nos ajudar a explorar as respostas comportamentais às mudanças ambientais e a avançar nossa compreensão da evolução da inteligência. Compreender como os animais respondem a tarefas ecologicamente irrelevantes lança luz sobre como nossa própria inteligência evoluiu. Frequentemente usamos comparações entre humanos e primatas não humanos para entender se uma capacidade cognitiva evoluiu nos humanos modernos ou se observamos habilidades semelhantes em outros primatas e animais. Por exemplo, crianças de até 24 meses de idade conseguem encontrar um objeto escondido em uma sala quando sua localização é apontada para elas em uma fotografia. Essa habilidade é conhecida como percepção representacional. Alguns chimpanzés também conseguem passar nesse teste. Esses resultados significam que um chimpanzé tem o mesmo nível de inteligência de uma criança de dois anos? Além disso, esse teste pode nos permitir estimar quando o insight representacional evoluiu. Pode ter sido antes de os humanos e os chimpanzés se dividirem em linhagens diferentes. Pesquisadores treinaram peixes dourados para dirigir um tanque com rodas. Imitando a natureza, comparando espécies As soluções de inspiração biológica (bioinspiradas) para os problemas modernos de computação usam tecnologia baseada na biologia. Algumas tecnologias de inspiração biológica podem lidar bem com a incerteza usando cálculos semelhantes aos do cérebro para processar e resolver problemas do mundo real. Muitos animais são considerados modelos para tecnologias bioinspiradas com base em sua visão, comportamento e movimento. Por exemplo, a mecânica de voo das libélulas foi estudada para construir microveículos aéreos. Como a tecnologia de inspiração biológica será, sem dúvida, usada em situações não naturais, é útil saber como os animais responderiam nesses mesmos cenários para criar uma tecnologia mais precisa. Comparar o comportamento e a inteligência de diferentes espécies pode ser um grande desafio para os cientistas. Para permitir comparações precisas, precisamos ter uma tarefa de igual dificuldade para ambas as espécies. Se usarmos uma tarefa que os animais realizam regularmente em seus ambientes naturais, corremos o risco de que uma espécie possa ter uma vantagem por realizar a tarefa com mais frequência. Entretanto, se usarmos uma tarefa que provavelmente nenhum dos animais precisará realizar, poderemos “nivelar o campo de jogo” para uma comparação precisa. Os animais geralmente precisam se adaptar a situações novas e desconhecidas. Alterações ambientais, como urbanização, mudanças climáticas, perda de habitat e introdução de espécies invasoras, fazem com que os animais encontrem novos desafios que, anteriormente, poderiam ser ecologicamente irrelevantes. Uma caixa de quebra-cabeça pode parecer irrelevante para muitos animais. Entretanto, as cacatuas na Austrália aprenderam a abrir lixeiras para procurar comida. As cacatuas se adaptaram para resolver novos quebra-cabeças à medida que os seres humanos tentam tornar as lixeiras mais difíceis de abrir. Essa “corrida armamentista de inovação” entre humanos e cacatuas mostra como uma tarefa inicialmente irrelevante do ponto de vista ecológico pode se tornar relevante para um animal. Testes de inteligência são irrelevantes? Uma questão importante é se conseguimos criar uma tarefa realmente ecologicamente irrelevante para os animais realizarem. Por exemplo, abelhas foram treinadas para reconhecer imagens de rostos humanos. Essa tarefa pode parecer ecologicamente irrelevante para uma abelha. Entretanto, para a abelha, a imagem de um rosto humano pode, na verdade, representar uma flor desconhecida, mas gratificante, especialmente quando a opção correta é combinada com uma recompensa de água com açúcar, que imita o néctar de uma flor. Essa tarefa é relevante ou irrelevante para uma abelha? A resposta é: depende. Muitos experimentos oferecem recompensas alimentares. Portanto, os animais podem interpretar esses experimentos como uma tarefa de forrageamento, fazendo com que até mesmo as tarefas mais complexas e arbitrárias dos testes de inteligência ainda sejam ecologicamente relevantes para o animal. Outras recompensas para os animais que participam de experimentos incluem abrigo, interações sociais e brincadeiras. Embora a tarefa em si possa parecer ecologicamente irrelevante, a recompensa pode ser altamente relevante para os animais que buscam alimento, oportunidades de acasalamento, segurança ou diversão. Isso nos leva a questionar se qualquer tarefa que damos aos animais é completamente desprovida de relevância ecológica. Atualmente, Scarlett Howard recebe financiamento do Australian Research Council e da Hermon Slade Foundation.
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A região leste da Austrália foi atingida por chuvas torrenciais nesta quarta-feira (20). As tempestades deixaram pelo menos três mortos e quase 50.000 pessoas isoladas, de acordo com o primeiro-ministro do estado de Nova Gales do Sul, Chris Minns.
A região leste da Austrália foi atingida por chuvas torrenciais nesta quarta-feira (20). As tempestades deixaram pelo menos três mortos e quase 50.000 pessoas isoladas, de acordo com o primeiro-ministro do estado de Nova Gales do Sul, Chris Minns.
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Desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, 127 brasileiros e seus familiares foram retirados de Gaza

Desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, 127 brasileiros e seus familiares foram retirados de Gaza
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O povo Paiter-Suruí possui uma cultura profundamente enraizada ao seu território: a Terra Indígena Sete de Setembro (TISS), localizada na fronteira dos estados de Rondônia e Mato Grosso, no sudoeste da Amazônia. O território — ou Paiterey Karah — é caracterizado por uma rica diversidade biológica, mas as pressões impostas pela ação humana na região têm gerado consequências socioculturais e territoriais que comprometem a continuidade do saber tradicional. A fauna local inclui espécies de primatas — algumas atualmente ameaçadas de extinção devido ao avanço do desmatamento e à degradação ambiental. E os Paiter-Suruí mantêm em sua memória tradicional um vasto conhecimento sobre essa fauna, incluindo uma grande diversidade de animais úteis, que fazem parte de sua cultura. Entre eles, estão as 10 espécies de primatas neotropicais reconhecidas pelos indígenas em seu território, todas nomeadas em língua Paiter. Dessas 10 espécies, cinco constam da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), um dos inventários mais detalhados do mundo sobre o estado de conservação mundial de várias espécies da fauna e da flora. Entre essas cinco, três são classificadas como extremamente raras segundo o conhecimento tradicional Paiter: Ateles chamek, Chiropotes albinasus e Pithecia mittermeieri. Num esforço para promover a articulação entre o conhecimento tradicional indígena e abordagem científica, desenvolvi a pesquisa ‘Primatas e o povo Paiter Suruí: Etnobiologia e Etnoconservação na Terra Indígena Sete de Setembro da Amazônia Brasileira’, que investiga o conhecimento tradicional do povo Paiter-Suruí sobre os primatas não humanos que habitam o território. O estudo, desenvolvido durante meu mestrado no Museu Paraense Emílio Goeldi, constitui o primeiro esforço sistematizado no campo da etnoprimatologia junto ao povo Paiter-Suruí. A Etnoprimatologia A etnoprimatologia é o campo de estudo que investiga as intersecções entre humanos e primatas não humanos. Nesse contexto, o povo Paiter-Suruí detém um sistema próprio de saber tradicional sobre as espécies de primatas que habitam seu território. Por seu caráter interdisciplinar e multifacetado, a etnoprimatologia permite integrar perspectivas biológicas e antropológicas na análise das relações entre humanos e primatas, ampliando a compreensão das dinâmicas ecológicas e culturais envolvidas. Na minha pesquisa, a abordagem baseia-se na etnoprimatologia com ênfase em métodos qualitativos provenientes da antropologia biológica e cultural. O estudo O objetivo da pesquisa era descrever o conhecimento tradicional dos Paiter-Suruí acerca dos primatas presentes na Terra Indígena Sete de Setembro, compreendendo sua importância cultural, ecológica e seu uso — que inclui a alimentação, o artesanato, a medicina tradicional e a vocalização desses animais, que é utilizada para compreender a passagem do tempo. A investigação seguiu uma abordagem interdisciplinar, que permitiu uma análise integrada das dimensões biológicas, ecológicas e socioculturais que moldam a relação entre humanos e primatas no território. O estudo foi desenvolvido entre 2021 e 2022, com visitas de campo a seis comunidades da TISS. Adotei uma metodologia qualitativa, fundamentada por uma revisão de trabalhos etnográficos e um levantamento de estudos etnoprimatológicos. Utilizei técnicas diversas para a coleta de dados, como listas livres, entrevistas semiestruturadas coletivas, observação participante (em que o pesquisador interage e participa nas atividades da comunidade estudada, permitindo uma compreensão mais aprofundada da realidade) e registros audiovisuais. As entrevistas foram realizadas com jovens e adultos, entre 20 e 80 anos, priorizando a escuta de anciãos, reconhecidos como principais detentores do conhecimento sobre primatas. Mas foram incluídos também mulheres e jovens caçadores, enriquecendo o conhecimento e as informações obtidas. Por meio da técnica de listas livres, que permite aos participantes fornecer respostas abertas, sem restrições pré-definidas, identifiquei 10 espécies de primatas reconhecidas pelos Paiter-Suruí. Os primatas do território Das 10 espécies de primatas identificadas na Terra Indígena Sete de Setembro, três são tradicionalmente utilizadas como fonte de alimento, enquanto quatro possuem significados simbólicos que estão profundamente associados a elementos culturais, ecológicos e mitológicos da cosmologia Paiter. Um exemplo é o macaco-da-noite-de-pescoço-vermelho, chamado em Paiter de Yaah. Segundo relatos dos mais velhos, essa criatura não é classificada entre os grupos de macacos conhecidos no território, pois é considerada um presságio. Sua vocalização ou um avistamento inesperado pelos Paiterey são interpretados como sinais preocupantes, associados à aproximação de inimigos ou à morte de alguém da comunidade. Nas associações culturais entre indígenas e primatas, documentei, por exemplo, a prática cultural do cuidado e criação de filhotes por meninas, envolvendo espécies como Alouatta puruensis (guariba), Saimiri ustus (macaco-de-cheiro) e Mico nigriceps (sagui-de-cabeça-preta). Entre o povo Paiter-Suruí, é comum que meninas adolescentes criem filhotes de macacos caçados, assim como também outras espécies menores que não fazem parte do consumo alimentar. Essa prática, fortalecido pelos pais, constitui uma forma tradicional de socialização e aprendizagem cultural. Ao assumir o cuidado desses animais, as meninas desenvolvem competências afetivas, empáticas e práticas relacionadas à criação, que são consideradas fundamentais para o futuro exercício da maternidade. Além de funcionar como um mecanismo de aprendizagem por imitação e responsabilidade, essa interação também consolida vínculos simbólicos e afetivos com a fauna local, especialmente com os primatas, reforçando valores culturais de pertencimento, reciprocidade e respeito à natureza. Tais práticas ilustram a interface entre processos de formação social, relação interespecífica e conhecimento ecológico tradicional. Com base nos relatos das comunidades, identifiquei também o declínio populacional em algumas espécies de primatas. Entre elas, duas têm expressiva importância sociocultural: Yaah (Aotus nigriceps) e Arimẽ-Iter (Ateles chamek). Essa última recebeu atenção especial da pesquisa. Arimẽ-Iter O macaco-aranha-de-cara-preta (Ateles chamek), conhecido pelos Paiter como Arimẽ-Iter, consta da Lista Vermelha da IUCN como espécie ameaçada de extinção. Por ser uma espécie sagrada e de múltipla utilidade, sugiro em minha pesquisa que ela é uma espécie-chave cultural para o povo Paiter-Suruí. Diferentes povos indígenas e comunidades possuem espécies biológicas de relevância cultural, denominadas Espécies-Chave Culturais. Uma espécie-chave cultural desempenha um papel significativo na comunidade, por suas múltiplas utilidades e funções. Está profundamente integrada ao modo de vida local, o que reflete a interdependência entre o grupo humano e o ambiente em que vive. Entre os Paiter-Suruí, o macaco-aranha-de-cara-preta (Ateles chamek) se destaca por seus múltiplos usos e, possivelmente, atende aos critérios para ser reconhecido como uma Espécie-Chave Cultural. A partir das informações coletadas em campo, identifiquei cinco formas de uso associadas a essa espécie pelos Paiter-Suruí. Alimentação: A carne do Ateles chamek (Sobag) é consumida pelos Paiter-Suruí como uma importante fonte de proteína. Consumo com preparo: A carne do Ateles chamek também é preparada em pratos tradicionais,sendo geralmente acompanhada de Mamé (biju feito com farinha de milho). Essa prática reforça os saberes culinários e alimentares transmitidos entre gerações, evidenciando a importância cultural, medicinal e nutrição da espécie para o povo Paiter-Suruí. Artesanato: Os dentes do macaco-aranha são utilizados na confecção de adornos corporais (Sogap Arimẽ Ikaáp), como colares e pulseiras. Esses itens reforçam a conexão cultural com a fauna e refletem status ou participação em contextos rituais. Medicina: A banha do Ateles chamek é usada como medicamento tradicional, especialmente na cicatrização de feridas (Ikawah). Esse uso é transmitido oralmente por anciãos e especialistas, integrando o conhecimento etnofarmacológico dos Paiter sobre a fauna local. Conexão: Filhotes do macaco-aranha, quando encontrados órfãos ou a mãe é abatida na caça, podem ser criados por meninas adolescentes. Essa prática contribui para o aprendizado do cuidado e fortalece vínculos afetivos e relacionais entre humanos e primatas (Yatĩga), reforçando valores de reciprocidade com a natureza. As utilidades desse primata, juntamente com o manejo ancestral das áreas onde ocorre, reforçam sua relevância como espécie-chave e preservação da identidade cultural do povo Paiter-Suruí. Plano de Gestão Territorial e Ambiental Como resposta aos desafios socioambientais que enfrentam, os Paiter vêm desenvolvendo uma política interna voltada à gestão territorial, à articulação política e ao etnodesenvolvimento, com o objetivo de preservar sua cultura e conhecimentos ancestrais. Desse processo, nasceu o Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) da Terra Indígena Sete de Setembro, implementado em 2000. Ele orienta ações de conservação, uso sustentável dos recursos naturais e valorização das práticas culturais. Na minha pesquisa, examino o planejamento territorial da TISS, com ênfase na proteção dos primatas como componente estratégico das ações de conservação. Eles são fundamentais para o equilíbrio ecológico e a sustentabilidade sociocultural do território. Das 10 espécies de primatas reconhecidas pelos Paiter, cinco estão ameaçadas, de acordo com a Lista Vermelha da IUCN. Apesar disso, não há ações contínuas específicas de proteção para essas espécies no atual escopo do PGTA. Mas defendo que o Plano de Gestão possa ser uma importante ferramenta de conservação de primatas do território. Afinal, é essencial a implementação de medidas efetivas que garantam a conservação dessas etnoespécies, assegurando a coexistência entre biodiversidade e os saberes tradicionais do povo Paiter-Suruí. Fabrício Gatagon Suruí recebeu apoio para esta pesquisa por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), incluindo o Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) - a Amazônia Legal.
O povo Paiter-Suruí possui uma cultura profundamente enraizada ao seu território: a Terra Indígena Sete de Setembro (TISS), localizada na fronteira dos estados de Rondônia e Mato Grosso, no sudoeste da Amazônia. O território — ou Paiterey Karah — é caracterizado por uma rica diversidade biológica, mas as pressões impostas pela ação humana na região têm gerado consequências socioculturais e territoriais que comprometem a continuidade do saber tradicional. A fauna local inclui espécies de primatas — algumas atualmente ameaçadas de extinção devido ao avanço do desmatamento e à degradação ambiental. E os Paiter-Suruí mantêm em sua memória tradicional um vasto conhecimento sobre essa fauna, incluindo uma grande diversidade de animais úteis, que fazem parte de sua cultura. Entre eles, estão as 10 espécies de primatas neotropicais reconhecidas pelos indígenas em seu território, todas nomeadas em língua Paiter. Dessas 10 espécies, cinco constam da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), um dos inventários mais detalhados do mundo sobre o estado de conservação mundial de várias espécies da fauna e da flora. Entre essas cinco, três são classificadas como extremamente raras segundo o conhecimento tradicional Paiter: Ateles chamek, Chiropotes albinasus e Pithecia mittermeieri. Num esforço para promover a articulação entre o conhecimento tradicional indígena e abordagem científica, desenvolvi a pesquisa ‘Primatas e o povo Paiter Suruí: Etnobiologia e Etnoconservação na Terra Indígena Sete de Setembro da Amazônia Brasileira’, que investiga o conhecimento tradicional do povo Paiter-Suruí sobre os primatas não humanos que habitam o território. O estudo, desenvolvido durante meu mestrado no Museu Paraense Emílio Goeldi, constitui o primeiro esforço sistematizado no campo da etnoprimatologia junto ao povo Paiter-Suruí. A Etnoprimatologia A etnoprimatologia é o campo de estudo que investiga as intersecções entre humanos e primatas não humanos. Nesse contexto, o povo Paiter-Suruí detém um sistema próprio de saber tradicional sobre as espécies de primatas que habitam seu território. Por seu caráter interdisciplinar e multifacetado, a etnoprimatologia permite integrar perspectivas biológicas e antropológicas na análise das relações entre humanos e primatas, ampliando a compreensão das dinâmicas ecológicas e culturais envolvidas. Na minha pesquisa, a abordagem baseia-se na etnoprimatologia com ênfase em métodos qualitativos provenientes da antropologia biológica e cultural. O estudo O objetivo da pesquisa era descrever o conhecimento tradicional dos Paiter-Suruí acerca dos primatas presentes na Terra Indígena Sete de Setembro, compreendendo sua importância cultural, ecológica e seu uso — que inclui a alimentação, o artesanato, a medicina tradicional e a vocalização desses animais, que é utilizada para compreender a passagem do tempo. A investigação seguiu uma abordagem interdisciplinar, que permitiu uma análise integrada das dimensões biológicas, ecológicas e socioculturais que moldam a relação entre humanos e primatas no território. O estudo foi desenvolvido entre 2021 e 2022, com visitas de campo a seis comunidades da TISS. Adotei uma metodologia qualitativa, fundamentada por uma revisão de trabalhos etnográficos e um levantamento de estudos etnoprimatológicos. Utilizei técnicas diversas para a coleta de dados, como listas livres, entrevistas semiestruturadas coletivas, observação participante (em que o pesquisador interage e participa nas atividades da comunidade estudada, permitindo uma compreensão mais aprofundada da realidade) e registros audiovisuais. As entrevistas foram realizadas com jovens e adultos, entre 20 e 80 anos, priorizando a escuta de anciãos, reconhecidos como principais detentores do conhecimento sobre primatas. Mas foram incluídos também mulheres e jovens caçadores, enriquecendo o conhecimento e as informações obtidas. Por meio da técnica de listas livres, que permite aos participantes fornecer respostas abertas, sem restrições pré-definidas, identifiquei 10 espécies de primatas reconhecidas pelos Paiter-Suruí. Os primatas do território Das 10 espécies de primatas identificadas na Terra Indígena Sete de Setembro, três são tradicionalmente utilizadas como fonte de alimento, enquanto quatro possuem significados simbólicos que estão profundamente associados a elementos culturais, ecológicos e mitológicos da cosmologia Paiter. Um exemplo é o macaco-da-noite-de-pescoço-vermelho, chamado em Paiter de Yaah. Segundo relatos dos mais velhos, essa criatura não é classificada entre os grupos de macacos conhecidos no território, pois é considerada um presságio. Sua vocalização ou um avistamento inesperado pelos Paiterey são interpretados como sinais preocupantes, associados à aproximação de inimigos ou à morte de alguém da comunidade. Nas associações culturais entre indígenas e primatas, documentei, por exemplo, a prática cultural do cuidado e criação de filhotes por meninas, envolvendo espécies como Alouatta puruensis (guariba), Saimiri ustus (macaco-de-cheiro) e Mico nigriceps (sagui-de-cabeça-preta). Entre o povo Paiter-Suruí, é comum que meninas adolescentes criem filhotes de macacos caçados, assim como também outras espécies menores que não fazem parte do consumo alimentar. Essa prática, fortalecido pelos pais, constitui uma forma tradicional de socialização e aprendizagem cultural. Ao assumir o cuidado desses animais, as meninas desenvolvem competências afetivas, empáticas e práticas relacionadas à criação, que são consideradas fundamentais para o futuro exercício da maternidade. Além de funcionar como um mecanismo de aprendizagem por imitação e responsabilidade, essa interação também consolida vínculos simbólicos e afetivos com a fauna local, especialmente com os primatas, reforçando valores culturais de pertencimento, reciprocidade e respeito à natureza. Tais práticas ilustram a interface entre processos de formação social, relação interespecífica e conhecimento ecológico tradicional. Com base nos relatos das comunidades, identifiquei também o declínio populacional em algumas espécies de primatas. Entre elas, duas têm expressiva importância sociocultural: Yaah (Aotus nigriceps) e Arimẽ-Iter (Ateles chamek). Essa última recebeu atenção especial da pesquisa. Arimẽ-Iter O macaco-aranha-de-cara-preta (Ateles chamek), conhecido pelos Paiter como Arimẽ-Iter, consta da Lista Vermelha da IUCN como espécie ameaçada de extinção. Por ser uma espécie sagrada e de múltipla utilidade, sugiro em minha pesquisa que ela é uma espécie-chave cultural para o povo Paiter-Suruí. Diferentes povos indígenas e comunidades possuem espécies biológicas de relevância cultural, denominadas Espécies-Chave Culturais. Uma espécie-chave cultural desempenha um papel significativo na comunidade, por suas múltiplas utilidades e funções. Está profundamente integrada ao modo de vida local, o que reflete a interdependência entre o grupo humano e o ambiente em que vive. Entre os Paiter-Suruí, o macaco-aranha-de-cara-preta (Ateles chamek) se destaca por seus múltiplos usos e, possivelmente, atende aos critérios para ser reconhecido como uma Espécie-Chave Cultural. A partir das informações coletadas em campo, identifiquei cinco formas de uso associadas a essa espécie pelos Paiter-Suruí. Alimentação: A carne do Ateles chamek (Sobag) é consumida pelos Paiter-Suruí como uma importante fonte de proteína. Consumo com preparo: A carne do Ateles chamek também é preparada em pratos tradicionais,sendo geralmente acompanhada de Mamé (biju feito com farinha de milho). Essa prática reforça os saberes culinários e alimentares transmitidos entre gerações, evidenciando a importância cultural, medicinal e nutrição da espécie para o povo Paiter-Suruí. Artesanato: Os dentes do macaco-aranha são utilizados na confecção de adornos corporais (Sogap Arimẽ Ikaáp), como colares e pulseiras. Esses itens reforçam a conexão cultural com a fauna e refletem status ou participação em contextos rituais. Medicina: A banha do Ateles chamek é usada como medicamento tradicional, especialmente na cicatrização de feridas (Ikawah). Esse uso é transmitido oralmente por anciãos e especialistas, integrando o conhecimento etnofarmacológico dos Paiter sobre a fauna local. Conexão: Filhotes do macaco-aranha, quando encontrados órfãos ou a mãe é abatida na caça, podem ser criados por meninas adolescentes. Essa prática contribui para o aprendizado do cuidado e fortalece vínculos afetivos e relacionais entre humanos e primatas (Yatĩga), reforçando valores de reciprocidade com a natureza. As utilidades desse primata, juntamente com o manejo ancestral das áreas onde ocorre, reforçam sua relevância como espécie-chave e preservação da identidade cultural do povo Paiter-Suruí. Plano de Gestão Territorial e Ambiental Como resposta aos desafios socioambientais que enfrentam, os Paiter vêm desenvolvendo uma política interna voltada à gestão territorial, à articulação política e ao etnodesenvolvimento, com o objetivo de preservar sua cultura e conhecimentos ancestrais. Desse processo, nasceu o Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) da Terra Indígena Sete de Setembro, implementado em 2000. Ele orienta ações de conservação, uso sustentável dos recursos naturais e valorização das práticas culturais. Na minha pesquisa, examino o planejamento territorial da TISS, com ênfase na proteção dos primatas como componente estratégico das ações de conservação. Eles são fundamentais para o equilíbrio ecológico e a sustentabilidade sociocultural do território. Das 10 espécies de primatas reconhecidas pelos Paiter, cinco estão ameaçadas, de acordo com a Lista Vermelha da IUCN. Apesar disso, não há ações contínuas específicas de proteção para essas espécies no atual escopo do PGTA. Mas defendo que o Plano de Gestão possa ser uma importante ferramenta de conservação de primatas do território. Afinal, é essencial a implementação de medidas efetivas que garantam a conservação dessas etnoespécies, assegurando a coexistência entre biodiversidade e os saberes tradicionais do povo Paiter-Suruí. Fabrício Gatagon Suruí recebeu apoio para esta pesquisa por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), incluindo o Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) - a Amazônia Legal.
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Veículos atravessaram a fronteira no início da semana, mas esperam novas autorizações para avançar dentro do local; agências da ONU alertam que estoques alimentares estão quase no fim e que famílias estão à beira da fome.
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Campanha quer promover senso de urgência para governos e cidadãos; perda de fauna, flora e ecossistemas é desafio global com prejuízos que afetam toda a humanidade; Quadro Global sobre tema tem 5 objetivos de ação para 2050.
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Estreia acontece nesta sexta-feira (23), na ocupação Mauá, em São Leopoldo

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A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, nessa quarta-feira (21), a indicação do vice-governador Thiago Pampolha para assumir o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O resultado da votação será publicado em Diário Oficial e comunicado ao governador Cláudio Castro, responsável pela indicação. A medida foi aprovada por 57 votos favoráveis, cinco contrários e sete abstenções. O presidente da Alerj, deputado Rodrigo Bacellar (União), que presidiu a sessão, elogiou a indicação de Pampolha e pediu atenção às prefeituras do interior. "Não tenho dúvidas quanto aos requisitos técnicos do Pampolha para ocupar a vaga. Ele já foi reconhecido pelo voto popular e espero que sua ida ao TCE ajude a mudar a máxima de punição de prefeitos do interior, que muitas vezes não conseguem ter quadro técnico adequado". Pampolha destacou seus três mandatos como deputado na Alerj e sua atuação em comissões importantes da Casa, como a de Constituição e Justiça (CCJ), a de Orçamento, e a de Tributação. “No intenso trabalho desses colegiados, consegui uma bagagem das questões orçamentárias, com a apresentação de pareceres aos projetos de lei. Também atuei em questões relativas à sonegação fiscal. Acredito que o cargo no TCE será uma grande experiência no meu currículo, uma mudança de vida que decidi em conjunto com a minha família”, declarou. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Renúncia Com a aprovação do seu nome ao TCE, Pampolha encaminhou comunicado oficializando a renúncia ao cargo de vice-governador. Trajetória Com 38 anos de idade, Thiago Pampolha foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 2010, sendo reeleito para mais dois mandatos. No Executivo, atuou como secretário de Esporte, Lazer e Juventude e do Ambiente e Sustentabilidade, além de ter assumido o cargo de vice-governador do Rio, em janeiro de 2023. Ele substituirá o conselheiro José Maurício Nolasco, que teve a aposentadoria compulsória publicada no Diário Oficial da última segunda-feira (19).
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Já ouviu falar na Semana Mundial do Brincar? O evento está 16ª edição no Brasil e é uma iniciativa da Aliança Pela Infância para promover a importância do direito ao brincar. Este ano, as atividades ocorrem entre 24 de maio e 1º de junho, com o tema “Proteger o Encantamento das Infâncias”. Durante este período, […] O post Semana Mundial do Brincar leva programação especial para o Jardim Pantanal apareceu primeiro em Agência Mural.

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Decreto determinou cursos que serão exclusivamente presenciais

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