53 minutes

Povo indígena venezuelano vive em condições muito precárias em espaço de acolhimento: a alimentação é insuficiente, não há quartos e o espaço é escuro, fechado e sem ventilação Um copo de café com leite, quatro bolachas água e sal e uma laranja. Durante meses, foi isso o que cerca de cem indígenas do povo Warao comeram no café da manhã de um abrigo municipal em Belém. Essas pessoas começaram a chegar à capital paraense em 2018 fugindo da crise econômica na Venezuela. Para não viverem nas ruas, foram abrigados em um galpão na periferia da cidade. Na semana passada, durante a COP30, o Joio visitou esse abrigo, onde falta água nos banheiros e que teve a cozinha comunitária fechada pela gestão do prefeito Igor Normando (MDB). Ao assumir em janeiro deste ano, o prefeito publicou um decreto para reduzir os gastos do município, o que afetou o orçamento da Funpapa (Fundação Papa João XXIII), que gere a assistência social na cidade. Normando tentou renegociar os contratos das empresas que forneciam alimentos aos abrigos, mas quando elas não aceitaram, a prefeitura rompeu os acordos. Para resolver essa situação, a Funpapa escolheu outra empresa, a “Prospera Service” para entregar marmitas aos indígenas e outras pessoas em situação de rua. No total, os abrigos da cidade têm capacidade para receber 400 moradores, segundo a prefeitura. O contrato, assinado sem licitação, custa aos cofres públicos R$ 4,2 milhões e tem duração de seis meses. A descrição contratual do café da manhã que deveria ser servido nos abrigos mostra uma variedade alimentar que os moradores nunca viram. Cuscuz, tapioquinha, ovo e queijo minas frescal são apenas alguns dos itens que deveriam aparecer, conforme se pode constatar no trecho do contrato abaixo. Cada café da manhã custa à prefeitura R$ 13. Café e bolacha Mas o alimento que efetivamente chega é muito mais modesto. “Quando esse contrato foi assinado, imediatamente a qualidade e a quantidade da comida caíram muito”, afirmou o funcionário Rayme Sousa, que trabalha no abrigo onde vivem os Warao. “O café passou a vir acompanhado só da bolacha. E fruta às vezes vinha, às vezes não.” No papel, Rayme é um dos educadores responsáveis por conduzir oficinas aos abrigados, mas como não há estrutura para isso, ele acabou se tornando um dos poucos servidores obrigados a fazer tudo no local. Ele cuida da administração cotidiana, encaminha os moradores a órgão públicos para tirar documentos e garantir benefícios, media eventuais conflitos e dá assistência em caso de acidentes. Depois do decreto de contenção de despesas, passou a sentir os problemas se avolumarem. No dia 27 de junho, ele gravou um vídeo nas redes sociais denunciando o que chamou de “desmonte” da política de assistência social na cidade e o risco do abrigo fechar por falta de funcionários e de alimentação adequada. View this post on Instagram Os servidores da Funpapa organizaram protestos e denunciaram o caso à Defensoria Pública do Estado, que propôs uma Ação Civil Pública contra a prefeitura em outubro. Nessa mesma época, a empresa passou a entregar pão com manteiga no lugar das bolachas. A discrepância entre o que se lê no contrato e o que se observa na prática se repete também no almoço e no jantar, descritos com fartura no documento. Por R$ 26 por marmita, a empresa deveria, segundo o contrato, entregar refeições com vegetais variados, três opções de proteína animal, sopa e açaí, entre outros produtos alimentícios. Na prática, o que se vê eé a repetição de um mesmo tipo de proteína por vários dias em marmitas com pouca variedade nutricional, conta Rayme. Até o ano passado, os alimentos chegavam aos abrigos e podiam ser preparados pelos cozinheiros ou pelos próprios indígenas, de acordo com suas preferências. Isso mudou com o fechamento da cozinha e a entrega das marmitas. Os relatos são de que é comum a comida chegar fria ou com a aparência de ter sido preparada no dia anterior, problema que não existia quando a Prefeitura ofertava os alimentos e eles eram preparados na cozinha do abrigo, por cozinheiros ou pelos próprios moradores do local. “Você percebe pela temperatura e pela textura do peixe. A impressão que dá é que eles fritam no dia anterior pra facilitar a entrega das marmitas”, afirmou o servidor Alexandre Barbosa. Carne desfiada, arroz, macarrão, farofa, com feijão e salada crua à parte. Essa marmita custa 26 reais à prefeitura. Foto: Adriano Wilkson A reportagem visitou a sede da Prospera Service em Belém e constatou que no local funciona uma oficina mecânica e não uma cozinha industrial. A direção da empresa se recusou a conversar com o Joio para explicar a contratação. Sede da Prospera Service, em Belém, onde funciona uma oficina mecânica e não há cozinha industrial. Foto: Adriano Wilkson A Prospera ganhou o contrato milionário com a prefeitura, mas, de acordo com servidores ouvidos pela reportagem, não são os carros dessa empresa que entregam as marmitas aos abrigos e sim as de uma concorrente. No processo de dispensa de licitação para o contrato emergencial, a prefeitura precisou orçar os valores de mercado para os itens que exigiu. Três empresas enviaram propostas, a Prospera, a MWS Eventos e uma terceira. A prefeitura considerou a proposta da Prospera a mais vantajosa e a escolheu. Porém, de acordo com servidores, é um carro da MWS Eventos que entrega as marmitas. Carro da empresa que entrega as marmitas. Foto: arquivo pessoal Condições precárias Alheios a essas nuances contratuais, os indígenas Warao dizem se sentir gratos por terem sido acolhidos em Belém. “Não vou reclamar da comida que nos dão porque nos ajudam”, disse uma senhora indígena que preferiu não ter seu nome publicado por temer se prejudicar. Mas eles enfrentam condições muito precárias no local, não apenas do ponto de vista alimentar. O galpão onde hoje 97 pessoas vivem é escuro, fechado e com pouca ventilação, o que torna impossível a permanência nas horas mais quentes do dia. Não existem quartos, e as tendas, improvisadas, não permitem privacidade. Quando visitamos o abrigo, não havia água no banheiro masculino, e as fezes se acumulavam nos vasos. A sala de informática estava fechada pela falta de equipamentos e funcionários para operá-la. Na parte externa, as crianças Warao jogavam bola em torno de uma rede de vôlei. Nos fundos do terreno, um casal de idosos cozinhava em um fogareiro improvisado ao lado de um banheiro sem condições de uso. Cozinha do abrigo também está em condições precárias. Foto: Lucy Silva/InfoRevolucao O abrigo onde vivem os Warao é o maior da cidade, mas ele mesmo é fruto de um improviso. Antes de ser alugado pela Funpapa, o galpão era usado por uma transportadora de veículos. O pátio foi adaptado para receber tendas doadas pela ONU, mas como elas limitavam ainda mais a circulação de ar, acabaram sendo substituídas pelas atuais estruturas de metal e pedaços variados de tecido. O mictório usado pelos motoristas se tornou o local onde os Warao lavam suas roupas. O galpão onde as pessoas vivem é escuro, fechado e com pouca ventilação. Fotos: Lucy Silva/InfoRevolucao O galpão onde as pessoas vivem é escuro, fechado e com pouca ventilação. Fotos: Lucy Silva/InfoRevolucao O projeto era que o abrigo funcionasse de maneira provisória até a estruturação de um local definitivo. Mas o improviso se mantém dessa forma há seis anos. A Agência da ONU Para Refugiados (ACNUR) estima que existam 850 Warao vivendo em Belém. Oriundos da região do rio Orinoco, eles viviam da pesca e da agricultura quando tiveram que deixar a Venezuela por causa da crise econômica. Alguns conseguiram trabalho na capital, mas a maioria, por não dominar a língua e por xenofobia, acabaram precisando viver de doações. Uma parte dos indígenas conseguiu acesso ao Bolsa Família e ao Bora Belém, um programa de transferência de renda instituído na cidade durante a pandemia e que estava em vigência até abril deste ano, quando foi extinto pela atual gestão. A Justiça paraense marcou para 1º de dezembro uma audiência de conciliação na ação da Defensoria Pública que denuncia a insalubridade dos abrigos de Belém. “A ação coletiva foi movida diante do estado de abandono que encontramos, situação que compromete a alimentação e o desenvolvimento saudável dos indígenas Warao, especialmente crianças e adolescentes”, afirmou o defensor Carlos Eduardo Barros da Silva. “Diante desse cenário, tornou-se indispensável o ajuizamento da ação para garantir a proteção e a dignidade dessas pessoas.” Procurada para comentar a discrepância entre a descrição das marmitas no contrato e aquelas que são efetivamente entregues, a prefeitura não respondeu até a publicação da reportagem. Mais lidas do mês Artigo A prefeitura de Belém (PA) paga 13 reais neste café da manhã em abrigo para indígenas publicado em O Joio e O Trigo.

Povo indígena venezuelano vive em condições muito precárias em espaço de acolhimento: a alimentação é insuficiente, não há quartos e o espaço é escuro, fechado e sem ventilação Um copo de café com leite, quatro bolachas água e sal e uma laranja. Durante meses, foi isso o que cerca de cem indígenas do povo Warao comeram no café da manhã de um abrigo municipal em Belém. Essas pessoas começaram a chegar à capital paraense em 2018 fugindo da crise econômica na Venezuela. Para não viverem nas ruas, foram abrigados em um galpão na periferia da cidade. Na semana passada, durante a COP30, o Joio visitou esse abrigo, onde falta água nos banheiros e que teve a cozinha comunitária fechada pela gestão do prefeito Igor Normando (MDB). Ao assumir em janeiro deste ano, o prefeito publicou um decreto para reduzir os gastos do município, o que afetou o orçamento da Funpapa (Fundação Papa João XXIII), que gere a assistência social na cidade. Normando tentou renegociar os contratos das empresas que forneciam alimentos aos abrigos, mas quando elas não aceitaram, a prefeitura rompeu os acordos. Para resolver essa situação, a Funpapa escolheu outra empresa, a “Prospera Service” para entregar marmitas aos indígenas e outras pessoas em situação de rua. No total, os abrigos da cidade têm capacidade para receber 400 moradores, segundo a prefeitura. O contrato, assinado sem licitação, custa aos cofres públicos R$ 4,2 milhões e tem duração de seis meses. A descrição contratual do café da manhã que deveria ser servido nos abrigos mostra uma variedade alimentar que os moradores nunca viram. Cuscuz, tapioquinha, ovo e queijo minas frescal são apenas alguns dos itens que deveriam aparecer, conforme se pode constatar no trecho do contrato abaixo. Cada café da manhã custa à prefeitura R$ 13. Café e bolacha Mas o alimento que efetivamente chega é muito mais modesto. “Quando esse contrato foi assinado, imediatamente a qualidade e a quantidade da comida caíram muito”, afirmou o funcionário Rayme Sousa, que trabalha no abrigo onde vivem os Warao. “O café passou a vir acompanhado só da bolacha. E fruta às vezes vinha, às vezes não.” No papel, Rayme é um dos educadores responsáveis por conduzir oficinas aos abrigados, mas como não há estrutura para isso, ele acabou se tornando um dos poucos servidores obrigados a fazer tudo no local. Ele cuida da administração cotidiana, encaminha os moradores a órgão públicos para tirar documentos e garantir benefícios, media eventuais conflitos e dá assistência em caso de acidentes. Depois do decreto de contenção de despesas, passou a sentir os problemas se avolumarem. No dia 27 de junho, ele gravou um vídeo nas redes sociais denunciando o que chamou de “desmonte” da política de assistência social na cidade e o risco do abrigo fechar por falta de funcionários e de alimentação adequada. View this post on Instagram Os servidores da Funpapa organizaram protestos e denunciaram o caso à Defensoria Pública do Estado, que propôs uma Ação Civil Pública contra a prefeitura em outubro. Nessa mesma época, a empresa passou a entregar pão com manteiga no lugar das bolachas. A discrepância entre o que se lê no contrato e o que se observa na prática se repete também no almoço e no jantar, descritos com fartura no documento. Por R$ 26 por marmita, a empresa deveria, segundo o contrato, entregar refeições com vegetais variados, três opções de proteína animal, sopa e açaí, entre outros produtos alimentícios. Na prática, o que se vê eé a repetição de um mesmo tipo de proteína por vários dias em marmitas com pouca variedade nutricional, conta Rayme. Até o ano passado, os alimentos chegavam aos abrigos e podiam ser preparados pelos cozinheiros ou pelos próprios indígenas, de acordo com suas preferências. Isso mudou com o fechamento da cozinha e a entrega das marmitas. Os relatos são de que é comum a comida chegar fria ou com a aparência de ter sido preparada no dia anterior, problema que não existia quando a Prefeitura ofertava os alimentos e eles eram preparados na cozinha do abrigo, por cozinheiros ou pelos próprios moradores do local. “Você percebe pela temperatura e pela textura do peixe. A impressão que dá é que eles fritam no dia anterior pra facilitar a entrega das marmitas”, afirmou o servidor Alexandre Barbosa. Carne desfiada, arroz, macarrão, farofa, com feijão e salada crua à parte. Essa marmita custa 26 reais à prefeitura. Foto: Adriano Wilkson A reportagem visitou a sede da Prospera Service em Belém e constatou que no local funciona uma oficina mecânica e não uma cozinha industrial. A direção da empresa se recusou a conversar com o Joio para explicar a contratação. Sede da Prospera Service, em Belém, onde funciona uma oficina mecânica e não há cozinha industrial. Foto: Adriano Wilkson A Prospera ganhou o contrato milionário com a prefeitura, mas, de acordo com servidores ouvidos pela reportagem, não são os carros dessa empresa que entregam as marmitas aos abrigos e sim as de uma concorrente. No processo de dispensa de licitação para o contrato emergencial, a prefeitura precisou orçar os valores de mercado para os itens que exigiu. Três empresas enviaram propostas, a Prospera, a MWS Eventos e uma terceira. A prefeitura considerou a proposta da Prospera a mais vantajosa e a escolheu. Porém, de acordo com servidores, é um carro da MWS Eventos que entrega as marmitas. Carro da empresa que entrega as marmitas. Foto: arquivo pessoal Condições precárias Alheios a essas nuances contratuais, os indígenas Warao dizem se sentir gratos por terem sido acolhidos em Belém. “Não vou reclamar da comida que nos dão porque nos ajudam”, disse uma senhora indígena que preferiu não ter seu nome publicado por temer se prejudicar. Mas eles enfrentam condições muito precárias no local, não apenas do ponto de vista alimentar. O galpão onde hoje 97 pessoas vivem é escuro, fechado e com pouca ventilação, o que torna impossível a permanência nas horas mais quentes do dia. Não existem quartos, e as tendas, improvisadas, não permitem privacidade. Quando visitamos o abrigo, não havia água no banheiro masculino, e as fezes se acumulavam nos vasos. A sala de informática estava fechada pela falta de equipamentos e funcionários para operá-la. Na parte externa, as crianças Warao jogavam bola em torno de uma rede de vôlei. Nos fundos do terreno, um casal de idosos cozinhava em um fogareiro improvisado ao lado de um banheiro sem condições de uso. Cozinha do abrigo também está em condições precárias. Foto: Lucy Silva/InfoRevolucao O abrigo onde vivem os Warao é o maior da cidade, mas ele mesmo é fruto de um improviso. Antes de ser alugado pela Funpapa, o galpão era usado por uma transportadora de veículos. O pátio foi adaptado para receber tendas doadas pela ONU, mas como elas limitavam ainda mais a circulação de ar, acabaram sendo substituídas pelas atuais estruturas de metal e pedaços variados de tecido. O mictório usado pelos motoristas se tornou o local onde os Warao lavam suas roupas. O galpão onde as pessoas vivem é escuro, fechado e com pouca ventilação. Fotos: Lucy Silva/InfoRevolucao O galpão onde as pessoas vivem é escuro, fechado e com pouca ventilação. Fotos: Lucy Silva/InfoRevolucao O projeto era que o abrigo funcionasse de maneira provisória até a estruturação de um local definitivo. Mas o improviso se mantém dessa forma há seis anos. A Agência da ONU Para Refugiados (ACNUR) estima que existam 850 Warao vivendo em Belém. Oriundos da região do rio Orinoco, eles viviam da pesca e da agricultura quando tiveram que deixar a Venezuela por causa da crise econômica. Alguns conseguiram trabalho na capital, mas a maioria, por não dominar a língua e por xenofobia, acabaram precisando viver de doações. Uma parte dos indígenas conseguiu acesso ao Bolsa Família e ao Bora Belém, um programa de transferência de renda instituído na cidade durante a pandemia e que estava em vigência até abril deste ano, quando foi extinto pela atual gestão. A Justiça paraense marcou para 1º de dezembro uma audiência de conciliação na ação da Defensoria Pública que denuncia a insalubridade dos abrigos de Belém. “A ação coletiva foi movida diante do estado de abandono que encontramos, situação que compromete a alimentação e o desenvolvimento saudável dos indígenas Warao, especialmente crianças e adolescentes”, afirmou o defensor Carlos Eduardo Barros da Silva. “Diante desse cenário, tornou-se indispensável o ajuizamento da ação para garantir a proteção e a dignidade dessas pessoas.” Procurada para comentar a discrepância entre a descrição das marmitas no contrato e aquelas que são efetivamente entregues, a prefeitura não respondeu até a publicação da reportagem. Mais lidas do mês Artigo A prefeitura de Belém (PA) paga 13 reais neste café da manhã em abrigo para indígenas publicado em O Joio e O Trigo.
53 minutes
د امریکا متحدو ایالتونو د چهارشنبې په ورځ په واشنګټن کې د ملي ګارډ په دوو غړو د ډزو وروسته، اعلان کړی چې د افغان وګړو د کډوالۍ غوښتنلیکونو ته د رسېدنې بهیر یې درولې ده.
د امریکا متحدو ایالتونو د چهارشنبې په ورځ په واشنګټن کې د ملي ګارډ په دوو غړو د ډزو وروسته، اعلان کړی چې د افغان وګړو د کډوالۍ غوښتنلیکونو ته د رسېدنې بهیر یې درولې ده.
54 minutes
The editor-in-chief of a Juba-based newspaper has been detained by the National Security Service (NSS), The post Newspaper editor detained by security forces in Juba appeared first on Radio Tamazuj.
The editor-in-chief of a Juba-based newspaper has been detained by the National Security Service (NSS), The post Newspaper editor detained by security forces in Juba appeared first on Radio Tamazuj.
55 minutes

בזמן תגובה מקוצר להערות הציבור: הממשלה מקדמת הארכה של החוק המאפשר לצה״ל ושב״כ גישה חופשית למצלמות באמצעות סלולרים ומחשבים המחוברים אליהן, בלי תלות בהמשך המלחמה. 804 התנגדויות הוגשו לתזכיר החוק, שפתוח להערות עד יום ראשון The post בזמן שהסיחו את דעתכם עם הפצ״רית, הממשלה תאפשר חדירה למצלמות דרך טלפונים ומחשבים appeared first on המקום הכי חם בגיהנום.

בזמן תגובה מקוצר להערות הציבור: הממשלה מקדמת הארכה של החוק המאפשר לצה״ל ושב״כ גישה חופשית למצלמות באמצעות סלולרים ומחשבים המחוברים אליהן, בלי תלות בהמשך המלחמה. 804 התנגדויות הוגשו לתזכיר החוק, שפתוח להערות עד יום ראשון The post בזמן שהסיחו את דעתכם עם הפצ״רית, הממשלה תאפשר חדירה למצלמות דרך טלפונים ומחשבים appeared first on המקום הכי חם בגיהנום.
56 minutes
El aburrimiento, motor de creatividad y cambio, sucumbe ante el móvil: el tedio que transforma se desvanece en scroll infinito.
El aburrimiento, motor de creatividad y cambio, sucumbe ante el móvil: el tedio que transforma se desvanece en scroll infinito.
57 minutes
ژانمیشل بلانکه، وزیر پیشین آموزش و پرورش فرانسه، در گفتگویی با هفتهنامۀ اکسپرس هشدار میدهد که رشد اسلامگرایی در این کشور حاصل خطاهای طولانیمدت است و نه رویدادهای پراکنده. او میگوید نیمی از جوانان مسلمان شریعت را بر قوانین جمهوری ترجیح میدهند و این شکاف، اگر با صراحت و شجاعت سیاسی به آن پرداخته نشود، میتواند ثبات مدل جمهوری را به خطر بیندازد.
ژانمیشل بلانکه، وزیر پیشین آموزش و پرورش فرانسه، در گفتگویی با هفتهنامۀ اکسپرس هشدار میدهد که رشد اسلامگرایی در این کشور حاصل خطاهای طولانیمدت است و نه رویدادهای پراکنده. او میگوید نیمی از جوانان مسلمان شریعت را بر قوانین جمهوری ترجیح میدهند و این شکاف، اگر با صراحت و شجاعت سیاسی به آن پرداخته نشود، میتواند ثبات مدل جمهوری را به خطر بیندازد.
58 minutes
2020an gizon bat hiltzen saiatzeagatik, bi anaiari zortzi urteko kartzela zigorra ezarri zien epaitegi batek 2022an. Auzipetuek helegitea aurkeztu ostean, EAEko Auzitegi Nagusiak absolbitu zituen.
2020an gizon bat hiltzen saiatzeagatik, bi anaiari zortzi urteko kartzela zigorra ezarri zien epaitegi batek 2022an. Auzipetuek helegitea aurkeztu ostean, EAEko Auzitegi Nagusiak absolbitu zituen.
58 minutes
მოსამართლეებმა ლელა კალიჩენკომ და მეია მელქიძემ პატიმრობაში დატოვეს 4 ოქტომბრის საქმეზე დაკავებული 24 დემონსტრანტი. მათ კოლეგების მსგავსად, რომლებიც იგივე საქმეს განიხილავენ, სრულად დააკმაყოფილეს პროკურატურის შუამდგომლობა.
მოსამართლეებმა ლელა კალიჩენკომ და მეია მელქიძემ პატიმრობაში დატოვეს 4 ოქტომბრის საქმეზე დაკავებული 24 დემონსტრანტი. მათ კოლეგების მსგავსად, რომლებიც იგივე საქმეს განიხილავენ, სრულად დააკმაყოფილეს პროკურატურის შუამდგომლობა.
58 minutes
58 minutes
Experts react to the political effects of Rachel Reeves’s budget.
Experts react to the political effects of Rachel Reeves’s budget.
58 minutes

Beinah die Hälfte der Weltbevölkerung hat ein WhatsApp-Profil. Das kann ziemlich verräterisch sein. – Alle Rechte vorbehalten IMAGO / NurPhotoForscher*innen aus Österreich entdeckten die freie Verfügbarkeit von 3,5 Milliarden WhatsApp-Profilen. Wie es zu dem spektakulären Fund kam und wie Meta auf ihre Warnung reagierte, erzählt Aljosha Judmayer, Co-Autor der Studie zum Datenleck.

58 minutes
Beinah die Hälfte der Weltbevölkerung hat ein WhatsApp-Profil. Das kann ziemlich verräterisch sein. – Alle Rechte vorbehalten IMAGO / NurPhotoForscher*innen aus Österreich entdeckten die freie Verfügbarkeit von 3,5 Milliarden WhatsApp-Profilen. Wie es zu dem spektakulären Fund kam und wie Meta auf ihre Warnung reagierte, erzählt Aljosha Judmayer, Co-Autor der Studie zum Datenleck.
59 minutes
امانوئل ماکرون روز پنجشنبه ۲۷ نوامبر از طرح تازه «خدمت ملی داوطلبانه» رونمایی کرد؛ طرحی که از سال آینده برای جوانان بالای ۱۸سال به شکل داوطلبانه و با پرداخت حقوق اجرایی خواهد شد. به گفته رئیس جمهور فرانسه مدت این خدمت ده ماه خواهد بود و از تابستان «منحصراً در خاک فرانسه» انجام خواهد شد.
امانوئل ماکرون روز پنجشنبه ۲۷ نوامبر از طرح تازه «خدمت ملی داوطلبانه» رونمایی کرد؛ طرحی که از سال آینده برای جوانان بالای ۱۸سال به شکل داوطلبانه و با پرداخت حقوق اجرایی خواهد شد. به گفته رئیس جمهور فرانسه مدت این خدمت ده ماه خواهد بود و از تابستان «منحصراً در خاک فرانسه» انجام خواهد شد.
1 hour
رئیس سازمان اطلاعات مرکزی آمریکا جزئیات بیشتری را درباره مظنون به تیراندازی به نیروهای گارد ملی در واشنگتن دیسی ارائه کرد.
رئیس سازمان اطلاعات مرکزی آمریکا جزئیات بیشتری را درباره مظنون به تیراندازی به نیروهای گارد ملی در واشنگتن دیسی ارائه کرد.
1 hour
Este viernes 28/11 se realiza en la sede de ADIUC la 2º Jornada en Defensa del Alimento Argentino, un encuentro que reúne a productores, consumidores e instituciones. La entrada «Si producir, comprar y vender es solo un negocio, el alimento se aleja de su lógica del derecho» se publicó primero en La tinta.
1 hour
Este viernes 28/11 se realiza en la sede de ADIUC la 2º Jornada en Defensa del Alimento Argentino, un encuentro que reúne a productores, consumidores e instituciones. La entrada «Si producir, comprar y vender es solo un negocio, el alimento se aleja de su lógica del derecho» se publicó primero en La tinta.
1 hour
Xanın ailəsi, partiya üzvləri son günlər həbsxana qarşısında etiraz edərək onunla görüş tələb ediblər
Xanın ailəsi, partiya üzvləri son günlər həbsxana qarşısında etiraz edərək onunla görüş tələb ediblər
1 hour
El magistrado Leopoldo Puente decreta el ingreso en prisión del exministro de Transportes y del que fuera su mano derecha, a petición de la Fiscalía Anticorrupción y en el marco de la investigación por la presunta trama de mascarillas.
El magistrado Leopoldo Puente decreta el ingreso en prisión del exministro de Transportes y del que fuera su mano derecha, a petición de la Fiscalía Anticorrupción y en el marco de la investigación por la presunta trama de mascarillas.
1 hour
Беларустун авторитардык лидери Александр Лукашенко мурдагы президент Курманбек Бакиев тууралуу Кыргызстандын бийлиги менен сүйлөшөрүн айтты. Бишкекте ЖККУга мүчө мамлекет башчылардын саммитинде 15 документке кол коюлду. Вашингтондо ок атылып, эки жоокер жарадар болду.
Беларустун авторитардык лидери Александр Лукашенко мурдагы президент Курманбек Бакиев тууралуу Кыргызстандын бийлиги менен сүйлөшөрүн айтты. Бишкекте ЖККУга мүчө мамлекет башчылардын саммитинде 15 документке кол коюлду. Вашингтондо ок атылып, эки жоокер жарадар болду.
1 hour
Parts of Delhi, Mumbai, Chennai, Kolkata and Bengaluru, India’s largest cities, are slowly sinking, mainly due to overextraction of groundwater, according to a recent study, reports Mongabay India’s Manish Chandra Mishra. Researchers used eight years of satellite radar data and found that 878 square kilometers (339 square miles) of land across the five megacities show […]
Parts of Delhi, Mumbai, Chennai, Kolkata and Bengaluru, India’s largest cities, are slowly sinking, mainly due to overextraction of groundwater, according to a recent study, reports Mongabay India’s Manish Chandra Mishra. Researchers used eight years of satellite radar data and found that 878 square kilometers (339 square miles) of land across the five megacities show […]
1 hour
Em Cabo Verde, morreu, aos 69 anos, o compositor, musicólogo, pianista, guitarrista, romancista, ensaísta e poeta Vasco Martins. Pioneiro na introdução da música sinfónica e electrónica em Cabo Verde, Vasco Martins foi uma figura singular no panorama musical do país, também co-fundador do Festival da Baía das Gatas. Para ele, "a música era oxigénio", como nos contou em Março de 2022, na sua casa na ilha de São Vicente.
Em Cabo Verde, morreu, aos 69 anos, o compositor, musicólogo, pianista, guitarrista, romancista, ensaísta e poeta Vasco Martins. Pioneiro na introdução da música sinfónica e electrónica em Cabo Verde, Vasco Martins foi uma figura singular no panorama musical do país, também co-fundador do Festival da Baía das Gatas. Para ele, "a música era oxigénio", como nos contou em Março de 2022, na sua casa na ilha de São Vicente.
1 hour
Русский язык стал обязательным предметом в школах Северной Кореи с четверого класса, сообщает госагентство "Интерфакс" со ссылкой на министра природных ресурсов и экологии Александра Козлова, который является сопредседателем межправительственной комиссии РФ и КНДР. По его словам, русский язык традиционно входит в тройку самых популярных иностранных языков в КНДР. Сейчас его в Северной Корее изучает около 600 человек. Также, рассказал Козлов, две страны активно сотрудничают в части...
Русский язык стал обязательным предметом в школах Северной Кореи с четверого класса, сообщает госагентство "Интерфакс" со ссылкой на министра природных ресурсов и экологии Александра Козлова, который является сопредседателем межправительственной комиссии РФ и КНДР. По его словам, русский язык традиционно входит в тройку самых популярных иностранных языков в КНДР. Сейчас его в Северной Корее изучает около 600 человек. Также, рассказал Козлов, две страны активно сотрудничают в части...